Recuperação Judicial e fechamento de empresas: o que isso tem a ver com gestão?
A pandemia trouxe à tona um problema antigo: a dificuldade financeira das empresas. Ainda que não se tenha apenas um motivo para a falta de Gestão Financeira nas instituições, o momento econômico atual pegou a todos de surpresa e até as instituições mais organizadas estão tendo dificuldades em se manter, afinal, é um desafio sustentar uma estrutura sem a operação em funcionamento.
Recuperação Judicial
O tema
recuperação judicial não é novo e o cenário atual só tornou mais evidente esta situação. De acordo com a contadora especialista em gestão empresarial Loreci Freire de Freitas, não é incomum ouvir falar que grandes, médias e pequenas empresas que encerram suas atividades ficam com perguntas no ar:
- O que houve?
- Quando isto começou a acontecer?
A diretora da Priorizzi - empresa de Canoas especializada na Gestão Financeira principalmente para área da saúde, afirma que uma situação assim não acontece de uma hora para outra. A empresa apresenta muitos sinais que nem sempre são observados ou levados em consideração.
“Muitos empresários procuram a Priorizzi em momentos extremamente difíceis: ausência de recursos financeiros; alto nível de endividamento; descontrole total do faturamento; altos índices de glosas; falta de um controle de contas a receber; e desconhecimento total dos resultados da empresa”, afirma.
De acordo com Loreci, este cenário abre um leque de questionamentos aos empresários que até o momento não se davam conta dos problemas enfrentados devido a uma gestão inadequada.
- Qual meu ponto de equilíbrio?
- Temos um negócio que teria tudo para dar certo, mas só acumulamos resultados negativos?
- Produzimos tanto e não sobra recursos, onde está o dinheiro
Freire destaca que o primeiro passo neste momento é realizar um trabalho de análise das informações financeiras, um diagnóstico dos processos financeiros do negócio. “
Muitas vezes após essa análise minuciosa, quem se questiona como a empresa sobreviveu por tanto tempo somos nós, pois nos deparamos com problemas graves que não precisariam existir, se os processos estivessem bem definidos”.
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Principais problemas na Gestão Financeira:
- Descontrole total do financeiro;
- Ausência de reajuste de tabelas de preços dos convênios;
- A empresa não sabe quanto fatura, muito menos quanto recebe e se recebe;
- Fluxo de caixa é fechado meses depois, de forma manual (quando existe), com dados não conciliados;
- Rotinas e processos completamente demorados (ocasionando perda de prazo, juros, falta de informação etc);
- Dados que não são confiáveis para a tomada de decisão e que por vezes a existência destes causam mais mal para a tomada de decisão do que a ausência dos mesmos;
- Empréstimos com taxas altas (adquiridos no momento do desespero) e em curto prazo de pagamento, contribuindo ainda mais para a dificuldade financeira da empresa;
- Inexistência de reservas de emergência; e
- Retiradas financeiras dos sócios sem critério estabelecido, por vezes sem separação do que é pessoa física e jurídica.
Loreci explica que em alguns casos a falta de sinergia entre os sócios também é um problema, pois a ausência de objetivos em comum impossibilita os avanços. Por que estas empresas ficaram nesta situação e algumas em condição de insolvência? Para a especialista com mais de vinte anos de experiência em gestão financeira a resposta é simples:
falta de organização e planejamento financeiro.
Contudo, a diretora da
Priorizzi não menospreza outros problemas corriqueiros presentes na vida de quem decide empreender, como o alto índice de carga tributária, os processos morosos, questões trabalhistas... mas reforça que muitas situações também passam por gestão.
“A falta de tempo dos empresários para dar atenção à gestão ou a delegação dessa atividade sem o conhecimento necessário ou ainda, sem as ferramentas de trabalho necessárias para o desenvolvimento das análises adequadas, podem ser um perigo para as instituições, pois aumentam as chances de erro e não acompanham o dinamismo do mercado.”
Mesmo que as empresas consigam sobreviver por algum tempo, em algum momento a falta de organização e controle trará à tona situações bem complicadas que muitas vezes só serão percebidas quando as contas começam a ser pagas com recursos próprios.
De forma geral é preciso estar atento aos sinais financeiros das empresas, mas acima de tudo, prestar atenção na gestão do negócio, na organização dos processos e acompanhar os resultados mensalmente, e não somente no fechamento anual. Empresas saudáveis fazem controle dos seus processos, acompanham indicadores, mesmo que sejam básicos, e conseguem se preparar para situações adversas. Não deixe o seu negócio de lado!